terça-feira, 28 de agosto de 2007

Barretesão - 50 anos


Campeão do Rodeio Internacional de Barretos - 50 anos


Dezoito dias de festa, muito boi pulou, alguns peões voaram longe, outros se consagraram, muita diversão e balada para as pessoas que vieram do mundo inteiro prestigiar o evento. Sem contar a badalação nos camarotes e personalidades desfilando pelo parque do peão. Foi tudo muito bom, mas estava na hora do show terminar.
Emoção não faltou para quem compareceu na arena no domingo dia 28 e assistiu a grande final do 13º rodeio internacional em touros, reunindo os dez melhores competidores durante a última semana.
Os gringos ficaram todos pelo caminho e se apresentaram na ordem, Adriano Guedes, Hélton Barbosa, Fabiano Vieira, José Ridauto, Rogério Ferreira, Aguinaldo Ferreira Porto, Aguinaldo Cardoso, Guilherme Marchi, Silvanei Carvalho e Francisco Félix. Até tocar a última sirene tudo estava indefinido e o público que prestigiou as competições da maior festa de peão de boiadeiro do Brasil, em seu cinqüentenário, não se arrependeu.
Adriano Guedes, de Pereira Barreto (SP), é o primeiro peão a entrar na arena, vem credenciado por ser o atual campeão da PRT, temporada 2004/2005. Montando o touro Linha Direta da Cia Gira Sol ele consegue ficar os oito segundos em cima do boi. Adriano totalizou 306 pontos no total. Sua tarefa porém era ingrata, só seria campeão de Barretos, caso os outros nove peões fossem derrubados, algo praticamente impossível.
Um dos momentos mais marcantes aconteceu quando o paranaense da cidade de Pérola, Fabiano Vieira, terceiro peão a se apresentar e vencedor da competição no ano passado, entrou na arena montando o touro Destroyer, da tropa do Paulo Emílio. Um touro que até então estava invicto, ninguém nunca havia ficado oito segundos no lombo dele e para que Fabiano ainda sonha-se com o título teria que quebrar essa invencibilidade do touro. Para muitos Destroyer era apontado como um sucessor do touro Bandido, mas Paulo Emílio sempre desmentia isso, dizendo que não existe touro que chegue aos pés do Bandido.
Não podia haver prato mais apetitoso para o público do que ver o garoto que fez história ao vencer a competição no ano passado vindo do qualifying, desafiar um touro invicto do Paulo Emílio.



Fabiano Vieira, a maior nota do Barretão, 94 pontos

Destroyer bem que tentou, rodou de todas as maneiras, com toda força, mas a sirene tocou e a boa técnica de Fabiano falou mais alto, 94 pontos, a maior nota dada em Barretos no ano de 2005. Com a façanha, Fabiano assume provisoriamente a liderança do rodeio com 323 pontos, para desespero de Paulo Emílio, que viu seu touro sendo domado. Foi um acontecimento para entrar para a história dos rodeios, o público delirou e ainda tinha outros sete peões pela frente. Para Almir Cambra, esse foi o momento mais emocionante narrado por ele em toda a sua vida. “Foi lindo demais”, diz. Para Fabiano, restava torcer contra os outros atletas para fazer história e se tornar o primeiro atleta a vencer o Rodeio Internacional de Barretos por dois anos consecutivos.
Outro peão que tinha grandes chances de triunfo em Barretos era Guilherme Marchi, um peão que tem um histórico invejável, já que compete nos Estados Unidos e ocupava a segunda posição no ranking da PBR, uma espécie de ranking mundial. Porém em Barretos ele não teve tanta sorte. O touro Impacto, de Neto Oger, o venceu rapidamente com apenas dois pulos e o peão, nascido em Itupeva, interior de São Paulo, terminou a competição no oitavo lugar com 236 pontos. Sabonete, como é chamado carinhosamente no meio, é mais um dos exemplos de atleta que não recebem o apoio da família para exercer a profissão. “Eu morava em Bertioga e meus pais queriam que eu estudasse” conta ele, que conseguiu conciliar os estudos com as montarias até se formar como técnico em agropecuária.
Em Barretos ficou a impressão de que Guilherme se jogou do touro, motivos para isso ele teria, já que disputava o título da PBR, buscando o prêmio máximo de um milhão de dólares. “Estava fazendo uma boa campanha, mas não suportei a dor na minha mão” disse. Depois de Guilherme só restavam mais dois peões, eles fechavam a competição por terem sido os melhores competidores durante os outros dias, os peões estavam invictos ainda, ou seja, nenhum touro havia derrubado eles em Barretos.
Primeiro entra Silvanei Carvalho, com 296 pontos no geral, que precisava ficar oito segundos em cima do touro Portal, de propriedade de Neto Oger para garantir no mínimo a segunda colocação. Silvanei não resistiu aos pulos do boi e acabou vencido, deixando tudo nas mãos de Francisco Félix, o “Cisco”, natural de São José do Rio Preto.
Um peão vindo do qualifying e não estava entre os favoritos, era só ficar os oito segundos em cima do touro Armagedon, de Joãozinho Ribas, que Cisco seria o campeão da principal prova da 50ª Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos. Caso contrário, o título ficaria com seu amigo Fabiano Vieira. “No ano passado, eu viajava todos os dias com o Fabiano, ele dormia em casa e pegávamos a estrada todo dia a caminho de Barretos. Caí do Timor Leste na última montaria da fase de classificação e não fui para o rodeio internacional. O Fabiano passou e se sagrou campeão”, contou Félix,
No ano de 2005, o papel se inverte, Vieira é o grande astro que tenta o bicampeonato, Cisco está no papel de azarão, porém, com a faca e o queijo na mão.
A carreira de Cisco teve um início conturbado. O peão de São José do Rio Preto sempre foi apaixonado por rodeios e começou a competir em rodeios locais ou em cidades próximas. Sua família sempre foi contra a prática do esporte, nunca deram apoio para Cisco, pois se preocupavam muito com a segurança do filho. Preferiam que o filho seguisse outra carreira, já que Cisco, diferente de outros peões, não nasceu em família pobre.
Mas é justamente nessas horas que a paixão do rodeio fala mais alto e Cisco começou a participar das provas. Sempre viajava escondido, brigado com a família, mas com os resultados aparecendo, o pai começou a aceitar a idéia de ver um filho montando em animais agressivos e ferozes.
O momento mais esperado finalmente chegou. Cisco venceu o qualifying, se credenciando a disputar o rodeio internacional de Barretos. Já era a quarta tentativa de Cisco na fase classificatória, e pela primeira vez entra na disputa. Ele consegue uma boa campanha, supera quatro touros e chega no último dia com 100 % de aproveitamento. O quinto touro a ser batido era Armagedon, lindo, totalmente branco, mas de má índole, como um bom animal para rodeios deve ser. Cisco finalmente monta no touro que está preso no brete, o público fica apreensivo, se parasse em cima do animal, ele conquistaria o tão sonhado título.
A emoção lembrava o de uma final de Copa do Mundo, todos estavam paralisados esperando e finalmente o locutor Almir Cambra anuncia a entrada do peão. Sua mulher, Carla Prado, acompanha apreensiva na arquibancada, enquanto seu pai, com o óculos já embaçado, reza.
A porteira demora uma eternidade para abrir, o touro não dá condições, fica se mexendo dentro do brete, indo para trás, para frente, abaixava a cabeça toda hora. Cisco busca um melhor apoio, faz seus últimos ajustes e as últimas orações. O público espera, os segundos parecem ser uma eternidade.

Cisco x Armagedon

A porteira se abre, Armagedon, sai pulando e girando muito, Cisco usa toda sua habilidade para se manter equilibrado, o touro se invoca, começa a pular cada vez mais forte, mais alto, e com mais raiva, o peão resiste bravamente e a sirene toca, Cisco consegue descer do boi de pé, sai pulando, comemora muito, faz a festa e corre para o abraço de seu pai que no momento da buzina invadiu a arena. Os dois se ajoelham e trocam um longo abraço ao som de Ivete Sangalo, levantando a poeira e emocionando a todos os presentes.

Pai de Cisco corre para abraçar o campeão

Cisco parece não acreditar, “nunca imaginei esse momento, nem passava pela minha cabeça vencer em Barretos, é muita emoção, muita adrenalina, não existem palavras para descrever a felicidade desse momento”. O público aplaude o mais novo campeão da montaria de touros. Francisco Felix entra para a história de Barretos, justamente por vencer a principal prova na sua 50ª edição, ele totalizou 387 pontos nas cinco montarias, levando para casa uma camionete importada no valor de 160 mil reais. Com 22 anos, o campeão de Barretos parte para uma nova aventura, agora em território norte-americano. Ele embarca para os Estados Unidos, para se familiarizar com o ambiente e em 2006 compete pelo circuito PBR, o mais tradicional do mundo.
O pessoal nas arquibancadas vibra muito, era hora de pegar a estrada de volta e se preparar para mais uma segunda-feira de trabalho. Está encerrada a competição que premiou os amantes das montarias com muita emoção e adrenalina até o último segundo.

2 comentários:

Mikaéla de Paula disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mikaéla de Paula disse...

[b][u]Parabéns..!!..!!..!!vc provou ser um ótimo profissional..,,..admiro sua força de vontade..*Que Deus te ilumine sempre..!!BjOoS..*